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sábado, 4 de abril de 2009

A ENFERMEIRA

As raras vezes que apareces
eu imagino-me doente.
A hora é branca, toda branca...
também de branco.

Há um silêncio que se enflora
de uma ternura desusada.
Talvez a chuva lá por fora...
Mas para mim não há mais nada
que a tua imagem, nessa hora,
sobre meu leito debruçada.

Palavra alguma, nem um gesto,
vem confirmar tua presença,
que simplesmente se anuncia
pela suavíssma alegria
de imaginar que estou doente.

E não me ajeitas a almofada...
E não me pôes à cabeceira
nem uma rosa nem um livro...
Mas és tão boa e verdadeira
tua presença ao pé de mim
que quando sais, misteriosa,
toda de branco,

a tua ausência dói-me tanto,
e aquela hora, de repente,
fica tão fria e tão vazia
que escusa a minha fantasia
de imaginar que estou doente.

in Cabo da Boa Esperança
Edições Ática, Lisboa-1959

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